Craque fora e dentro de campo ex-jogador Clayton marca um golaço com projeto social para as crianças
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Clayton Grilo - O líder do projeto COT |
De uma forma simples e humilde, o ex-atacante de
39 anos, que teve várias experiências jogando futebol no Brasil e no exterior,
hoje em dia tem a missão de coordenar um projeto social para crianças carentes,
o Centro de Oportunidade ao Talento (COT). Com sede no bairro do Porto Novo,
Clayton juntamente com a sua equipe de voluntários atendem crianças entre 5 e
15 anos, todas com os mesmos sonhos e um único objetivo: serem atletas de
futebol.
O Carioca ONLINE trás mais uma história de
superação que será contada por Clayton (fundador do projeto) que envolve muito
amor pelas crianças e pelo futebol.
CARIOCA ONLINE: Como nasceu a ideia do projeto? E como tudo começou?
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Foto: arquivo pessoal - primeiro treino do COT |
CLAYTON – COT: No dia 5 de novembro de 2006, em uma
simples conversa entre dois amigos prevaleceu à vontade de iniciar um projeto
para cuidar das crianças da região. Clayton afirmou que sempre manifestou o
desejo de ajudar as crianças e não sabia como, entrou a ideia de um amigo do
bairro, Leonardo, que idealizou de como poderia funcionar o projeto. Sem
investimento de empresas e apenas com um nome respeitado, o projeto saiu do
campo da ideia de duas pessoas para tomar as ruas de um bairro humilde através
de contatos, com vizinhos, comerciantes locais e em especial, as crianças. A
primeira questão a ser resolvida seria qual o nome do projeto. O idealizador
do projeto Leonardo escolheu C.O.T (CENTRO DE OPORTUNIDADE AO TALENTO).
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Foto: arquivo pessoal - COT hoje em dia |
Quando jovem Clayton foi para o São Cristóvão (um
dos clubes mais tradicionais do Rio de Janeiro). Configurando uma dupla de
ataque com um menino que até então, era desconhecido e hoje é o Ronaldo
Fenômeno. E ali começava a vida do jogador Clayton pelos gramados mundo a fora.
CARIOCA ONLINE: Como foi essa parceria com o Ronaldo Fenômeno? E o que ele hoje
representa para o projeto?
CLAYTON – COT: Jogar com o Ronaldo era muito
fácil. Jogávamos com três atacantes... Eu, Ronaldo e Geraldo. Ele jogava igual
ao Romário no Vasco com a camisa 11... A jogada já era certa, eu driblava o
lateral, lavava a bola até o fundo e cruzava na área que ele (Ronaldo) estava
lá para fazer o gol... Nosso time era bom demais logo depois dos times
grandes... Ganhamos quatro títulos juntos. Ganhamos a copa Mané Garrincha, onde
ele foi o artilheiro e eu o melhor jogador da competição... Tínhamos um sonho,
jogar um FLA x FLU... Fui para o Grêmio, indicado pelo Eduardo (lateral
esquerdo).
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Foto: arquivo pessoal - Clayton e Ronaldo ainda no São Cristóvão |
CARIOCA
ONLINE: As cores do COT e próprio uniforme utilizado no projeto são
semelhantes às cores do time do Grêmio de Porto Alegre. Por que essa
semelhança?
CLAYTON –
COT: O
Grêmio foi o clube que passei e que eu amo... Tenho um carinho muito grande
pelo clube, pela diretoria e pela torcida... Por isso, o COT tem torcido muito
para ver crescer mais e mais... Com tudo, o COT tem as portas abertas para
indicar atletas que se destaque e tenha o perfil traçado pelo Grêmio. Na mesma
hora eu ligo para o vice-presidente, que hoje é o meu amigo. Ganhei da
diretoria na época, a réplica do Estádio Olímpico Monumental. Deixei-a guardada
na minha mesa (risos)... Sempre falo com as crianças do COT e uso como exemplo
a minha boa relação que eu tenho com o Grêmio... Todos os jogos do COT, os
atletas entram em campo com a bandeira do Estado do Rio Grande do Sul.
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Foto: COT com o uniforme oficial - Padrão Grêmio |
CARIOCA
ONLINE: Quais são as maiores dificuldades encontradas no COT (de um modo
geral)?
CLAYTON –
COT: Faltam muitas coisas sim... Às vezes, gostaríamos de poder ter umas
frutas, um ótimo café da manhã para as crianças... Muitas crianças chegam para
treinar “com a barriga vazia”, eu fico muito triste, porque tem muita gente que
tem a condição de ajudar e não se preocupa nem um pouco com o projeto... As
nossas crianças são o futuro do nosso Brasil. Eu tenho a minha consciência
muito tranquila, porque a minha parte eu estou fazendo, faço com muito amor e
carinho juntamente com a minha comissão técnica. Inclusive todos que vão
conhecer o projeto, saem falando que a nossa comissão técnica é de time
grande... Temos ex-goleiro, profissional de educação física, ex-jogadores com
experiências nacionais e internacionais... Contamos sempre com o nosso Diretor
de esporte Wladimir, vice-presidente Alex Costa, professor de goleiros César
Froes, auxiliar Alexandre, professores Anderson Nunes, Valderes, Sergio Murilo,
Toninho (Pantera) e Lucas.
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Foto: Clayton conduz o projeto sem ajuda de Governo algum do país |
CARIOCA
ONLINE: Você rodou o mundo jugando futebol, com isso, você adquiriu uma
vasta experiência. O que você passa para as crianças do COT em relação a sua
experiência?
CLAYTON-COT: Primeiro, falo para todos estudarem, pois, o estudo
é tudo na vida... Deixo bem claro que, nem todos seriam jogadores de futebol...
Mas, com toda a certeza, seriam pessoas do bem, eu sempre tento passar um pouco
daquilo que eu aprendi, dentro dos vestiários e nos campos. Dá um passe, um
cabeceio e etc...
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Clayton passa aos alunos um pouco da sua experiência vivida no futebol |
Com todas as dificuldades da vida e falta de
apoio, o COT apresenta um crescimento e com isso está se expandindo em solo
carioca. Hoje a entidade conta com um núcleo que funciona na Ilha do Governador.
CARIOCA
ONLINE: Clayton, com todas as dificuldades para manter esse projeto, você
ainda encontrou forças para estender o seu projeto (COT) para outras áreas.
Você tem hoje algum apoio governamental? E como você vê esse crescimento do
projeto?
CLAYTON-COT: Não temos ajuda alguma do poder público... Temos sim a ajuda da nossa
equipe de voluntários... Não existe preço quando chega o dia de sábado por
volta das 07:00 da manhã, os atletas já estão com os olhos brilhantes... Os
tios, os pais das crianças, já veem conversar no meio da semana nos dizendo que
as suas crianças estão “doidas” para chegar ao sábado, para ir para o COT... O
COT na Ilha do Governador quem comanda é o Robinho ex-jogador, que também faz
um trabalho voluntário. O trabalho no COT da Ilha já rendeu dois atletas:
Weslei Ferreira – Lateral direito do Flamengo e da seleção brasileira sub-15 e
o Matheus Pereira que está no Figueirense... Temos um trabalho voluntário
também em Manilha com o Edson e outro em Catarina com o Luiz Miranda.
Atualmente Clayton divide o seu tempo entre os
plantões noturnos no Hospital Estadual Alberto Torres, no Colubandê, os
treinamentos e compromissos para o COT.
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Foto: Clayton treinando os futuros craques do Brasil |
CARIOCA
ONLINE: Clayton, com toda essa correria do dia a dia, como você encontra
tempo para conseguir administrar a sua vida que tem como resultado a perfeição
daquilo que você faz hoje?
CLAYTON-COT: É muita dedicação e “correria” mesmo (risos)...
Gosto do que eu faço. Às vezes penso: “Se tivesse ganhado dinheiro, não teria
tanta dedicação.”... Tem vezes que saio do plantão às 07:00 horas manhã vou
correndo para o campo. Vale a pena, quando agente faz o trabalho e os
resultados aparecem.
O COT hoje possui muitos padrinhos. São diversos
jogadores e personalidades gonçalenses. Roberto Brum, Marcelo Cordeiro, Kempes, Diego Souza, Roger Machado e muitas outras celebridades do esporte. Mas o principal sonho de Clayton para o
projeto ainda não foi possível realizar.
CARIOCA
ONLINE: Clayton, o COT hoje tem vários padrinhos, porém, você ainda tem um
sonho de apadrinhar mais um craque para o projeto. Quem é esse padrinho que
falta para o COT?
CLAYTON-COT:
Ronaldo Fenômeno;
COMEMORAÇÃO
DOS NOVE ANOS DE EXISTÊNCIA
O Centro de Oportunidade ao Talento (COT)
comemorou, no último sábado, nove anos de existência em São Gonçalo. Como
tradição, o ex-jogador Clayton Divina, dono do projeto, promoveu um jogo
beneficente, para arrecadar alimentos e festejar o aniversário. O destaque do
dia foi a partida entre o ‘Time das Estrelas’ e o Friburguense, que terminou
com a vitória da equipe serrana, por 5 a 3.
Na escalação do ‘futebol’ dos profissionais,
grandes nomes dos campos de todo país: César (ex-goleiro do Canto do Rio); os zagueiros
Jorge Luiz (ex-Vasco) e Nelson (ex-Botafogo); o lateral-direito Anderson
(ex-Portuguesa); Roberto Brum (ex-Coritiba); Robinho (ex-São Cristóvão); Bolão
(ex-Canto do Rio); Alex (ex-Vasco); Djair (ex-Botafogo); Willian (ex-Vasco); e
Clayton (ex-Grêmio). Entre os reservas: Pantera (ex-Itaperuna) e Serginho
(ex-Portuguesa).
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Foto: times do COT e Friburguense para o jogo das estrelas |
Já no Friburguense, a escalação foi a mesma que
jogou contra o Vasco no fim do Campeonato Carioca, com a mudança apenas no gol,
com Adriano (ex-Flamengo).
Antes do futebol das estrelas, jogaram ainda:
Escolinha do Coxa contra o COT, sub-9,; e Amigos do COT contra os Amigos do
Clayton.
Os alimentos arrecadados, segundo Clayton, são
encaminhados ao Abrigo Cristo Redentor, que fica na Estrela do Norte, em São
Gonçalo. As partidas aconteceram na sede do COT, que fica no campo do Cruzeiro,
no Porto Novo. O COT beneficia 200 crianças, de 5 a 15 anos.
OS ÍDOLOS
DO FUTEBOL QUE APOIAM O COT
Ídolos
que vestiram as camisas da seleção brasileira e hoje com orgulho vestem
a camisa do COT. Abaixo fotos de Paulo Paixão e Dunga no
COT:
Entre jogadores do presente e outros do passado, destacaram-se
as figuras de Diego Souza, meia que defendeu as cores de clubes como Flamengo,
Fluminense, Vasco e Sport e Roger Machado, hoje técnico do Grêmio. Os craques
fizeram a alegria da criançada, distribuindo autógrafos em camisas, bolas e
chuteiras.
“Fico muito orgulhoso de fazer parte de um
projeto desta grandeza e o Clayton e sua equipe estão de parabéns. A garotada
precisa. É o que temos que fazer em nossa posição, pensar no próximo e fazer o máximo
possível para ajudar. A oportunidade em um grande clube vai depender de uma
série de fatores, mas isso não quer dizer nada. A formação de caráter e
respeito vem em primeiro lugar e isso vem sendo constituído com um trabalho
sério e gratificante no COT os governantes tem que olhar mais para projetos como
esse”. Diego Souza – Meia do Fluminense.
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Foto: Diego Souza um dos padrinhos do projeto COT |
“É um projeto que atende a muitas crianças, que
procura de alguma forma, através do esporte incentivar as crianças”.
O ex-zagueiro disse ainda que a sua ajuda é muito
pequena diante das conquistas do amigo Clayton, o Grilo, que trabalha como
assistente administrativo e nas horas vagas toca o projeto.
“Para ele nenhum titulo no futebol tem mais peso
do que para formar novos cidadãos. A gente se sente orgulhoso de participar
desse projeto”. Completou Roger Machado, ex-seleção, Flu, Grêmio e atual técnico de Grêmio.
Foto: Roger Machado também é um dos padrinhos do projeto COT |
Encerrando o nosso bate papo, Clayton como sempre
humilde, o gonçalense de coração demonstra ficar satisfeito em poder fazer o
necessário pelo COT e a comunidade que ele tanto ama.
CARIOCA ONLINE:
Para encerrarmos o nosso bate papo, qual a mensagem que você deixa para as
crianças e os jovens que desejam ser um atleta igual ao Clayton:
CLAYTON-COT: Falo sempre para eles estudarem, porque nem tudo
nessa carreira são flores, a carreira pode ser curta e os estudos fazem muita
falta. Se não forem grandes atletas, ao menos, serão homens com bons
caráteres... Já estamos nessa caminhada há nove anos, não quero nada para mim,
o meu desejo é de tirar as crianças da rua e dá uma direção para cada uma delas...
Gostaria de fazer muito mais, mas, preciso de apoio. Incluir o esporte na vida
da criança é o meu foco... Meu sonho é o COT atender toda a comunidade, ver as
crianças chegando, tomando café, todos tendo cursos profissionalizantes.
Acredito muito na ligação entre o esporte e a cultura.
Um Apoio ao Projeto – Os interessados
em apoiar o Centro de Oportunidade ao Talento (COT) podem comparecer a sede,
situada na Rua Silvio Vale, Lote 15, Quadra 14 – Porto Novo – São Gonçalo-RJ.
Os treinamentos acontecem no Campo do Cruzeiro, no mesmo bairro.
Por: Luiz Otávio Oliveira
Agradecimentos: ao jogador do
Fluminense Diego Souza e ao técnico do Grêmio Roger Machado, por darem os seus
depoimentos em relação ao COT.
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