As sete mortes registradas até agora nos canteiros de obras dos estádios que vão receber a Copa do Mundo de 2014 não são exclusividade da preparação, às pressas, para o evento em território nacional. Os óbitos refletem as estatísticas da construção civil no Brasil: em 2011, a cada 5.839 trabalhadores em atividade no setor, um operário saiu morto do local de trabalho.
Os dados dos ministérios da Previdência e do Trabalho mostram que as tragédias nas futuras arenas retratam um problema antigo no país. Na Grã-Bretanha, por exemplo, de acordo com o órgão de saúde e segurança dos trabalhadores, HSE (na sigla em inglês), foram contabilizadas 50 mortes no mesmo período. O equivalente a um caso letal a cada 50 mil operários. Em comparação, o índice brasileiro é quase nove vezes maior.
Levantamento feito pelo Correio com informações das construtoras e das secretarias extraordinárias da Copa indicam que 35.371 operários passsaram pelas obras dos 12 estádios brasileiros do Mundial. Desses, sete morreram. Proporcionalmente, o número de acidentes letais nas construções das arenas aproxima-se da realidade nacional. Até o momento, houve uma morte a cada 7.074 trabalhadores nas estruturas erguidas para a competição da Fifa.
Na avaliação de Jorge Hori, consultor do Sindicato de Arquitetura e Engenharia (Sinaenco), o atraso nas obras dos estádios é um fator que aumenta substancialmente o risco de acidentes. “Isso (mortes) acontece em outras construções pelo país, mas o ritmo nas arenas está excessivamente acelerado. Como estão atrasados, os operários estão trabalhando mais, e o cansaço é o principal problema porque reduz os reflexos”, opina Hori.
NAS ALTURAS
As principais causas de mortes no setor de construção, segundo o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho, são queda, soterramento e choque elétrico.
Quatro dos sete operários mortos em obras dos estádios sofreram, justamente, quedas. O fato, na visão de especialistas, evidencia falta de treinamento. “As construtoras não investem nesse quesito. Elas não têm andaimes adequados e deixam de preparar os funcionários para o trabalho em altura”, aponta o auditor fiscal Francisco Luiz Lima.
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