Não existe ‘espanholização' no futebol brasileiro. Essa é a análise do
presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, que se recusa a discutir
nesse momento a cota de TV de R$ 115 milhões recebida pelo clube em 2014. O
motivo, segundo ele, é apenas um: o desequilíbrio alardeado por outros clubes
em virtude das diferenças de repasse da TV Globo, detentora dos direitos de
transmissão do Brasileiro, não influi em campo.
Com o maior lucro da história do futebol nacional na última
temporada, a diretoria rubro-negra diminui a sua dependência em relação à
televisão a cada ano. Hoje, essa receita equivale a 33% de seu faturamento.
![]() |
Bandeira de Mello se recusa a discutir cotas de televisão |
Bandeira ressalta que, mesmo contando essa "vantagem
comparativa", o Fla fica para trás em outras situações como a falta de
casa própria e nem por isso "ninguém está pedindo para dividir o seu
estádio com ninguém".
"Existe a preocupação com a competitividade. Agora, não
vejo em nenhum momento esse desequilíbrio levado à prática porque existe hoje
esse valor maior que Flamengo e Corinthians efetivamente ganham. Pode ter
certeza que boa parte do que recebemos é destinado a pagar a dívida do passado.
Tanto que isso não se refletiu em campo. Pode ser que, vamos projetar, daqui a
dez anos, o Flamengo conseguindo pagar boa parte de suas dívidas e se mantendo
essa diferença, isso venha a provocar uma distância", afirmou o
mandatário, em evento em São Paulo.
"Hoje
em dia, esse desequilíbrio não existe. Nós lutamos com dificuldade para
conseguir uma posição no campeonato. No ano passado, fomos 10º lugar. No
domingo, perdemos. Estou começando a ficar preocupado (risos). Acho que eu
trocava todos os prêmios que ganhamos aqui pelos três pontos. Brincadeira.
Fiquei muito feliz por eles, mas digo o seguinte: a torcida do Flamengo é que
leva ao fato de termos a receita de TV maior. Afinal de contas, o jogo que
passou para o Brasil, às 16h, foi nosso", prosseguiu.
Com a entrada do novo contrato de direitos de transmissão,
Flamengo e Corinthians passarão a receber R$ 170 milhões anuais a partir de
2016, aumentando ainda mais o ‘abismo financeiro' em relação aos demais.
O time da Gávea não se nega, ainda assim, a colocar o assunto em
discussão no futuro.
"Essa é uma vantagem comparativa que nós temos. Agora, têm
várias outras vantagens comparativas que não temos. Nós não temos estádio, não
temos centro de treinamento à altura de nossas tradições e de nossa torcida -
fruto, é claro, da incompetência do passado, mas temos que recuperar -, o nosso
trabalho de base está sendo retomado, já fomos referência e perdemos. Enfim,
não temos estádio, vários clubes aqui presentes (no evento) têm estádio e
ninguém está pedindo para dividir o seu estádio com ninguém", disse
Bandeira de Mello.
"No momento, vamos pensar que temos um longo caminho a percorrer. E
se algum dia essa questão do desequilíbrio vier a se confirmar, podemos pensar
em alguma coisa, é claro que dentro de um outro ambiente, em que os clubes
tenham uma entidade que possa vir a nos representar, mas acredito que temos
tanta coisa nesse momento, nós, do Rio, então, temos tanta coisa para nos
preocupar", completou.
Nossos Parceiros:
Comentários
Postar um comentário