Em meio a um período
de transformação no futebol brasileiro, um grupo de sócios do Fluminense
chamado Esperança Tricolor, liderado por André Horta, filho do ex-presidente
Francisco Horta, emitiu dois comunicados nesta sexta-feira a fim de encerrar
uma das maiores polêmicas dos bastidores dos últimos anos: o domínio de
Flamengo e Corinthians sobre as cotas de televisão.
Desde o fim do Clube dos 13
e as negociações coletivas, as duas equipes mais populares do país alcançaram
um status de completo domínio na questão dos direitos de transmissão - a partir
de 1º de janeiro de 2016, cada clube receberá R$ 170 milhões pelo novo contrato
com duração de dois anos. A disparidade da dupla se tornou motivo de
preocupação entre outros clubes brasileiros.
Desta forma, o grupo liderado por André Horta, oposição a atual
direção de Peter Siemsen no Fluminense e pré-candidato ao próximo pleito nas
Laranjeiras, escreveu cartas aos senadores Álvaro Dias e outra a Romário a fim
de evitar a ‘espanholização' do futebol brasileiro - na Espanha, Barcelona e
Real Madrid recebem a maior parte das cotas de televisão.
Nas cartas destinadas aos
dois senadores, o grupo de oposição do Fluminense pede uma divisão mais justa
das receitas de televisão e cita o futebol inglês como referência - no novo
acordo assinado pelos clubes da Premier League, 50% do valor é dividido
igualmente entre os 20 times da primeira divisão.
O grupo pede a discussão do patrocínio de empresas públicas
dentro do futebol. Flamengo e Corinthians, os dois líderes na parceria
adquirida pela cota de televisão, são ambos patrocinados pela Caixa Econômica
Federal.
Veja a carta na íntegra:
"Estimado Senador Alvaro Dias e estimado Senador Romário de
Souza Faria,,
Respeitosamente nos reportamos a Vossa Excelência como cidadãos
preocupados com os rumos do futebol brasileiro. Somos membros de um grupo de
sócios do Fluminense Football Club chamado Esperança Tricolor, liderado por
André Horta, filho do ilustre presidente eterno, Francisco Horta. Sabedores do
vosso interesse e compromisso com a moralização e valorização do futebol
brasileiro encaminhamos essa petição.
Como é de conhecimento público, a televisão, através da detentora
dos direitos de transmissão do campeonato brasileiro, exerce um poder
estratégico nas finanças dos clubes e com esse poder define o futuro dos
mesmos, afetando diretamente a qualidade do espetáculo e a vida de milhões de torcedores
apaixonados por esse esporte, que sem sombra de dúvidas é o esporte nacional
brasileiro.
E tudo indica que a detentora dos direitos, influenciada por
estudos de marketing, defende a teoria chamada "espanholização" do
futebol brasileiro. Através dessa teoria, num futuro próximo, teremos dois
clubes dominando o poder financeiro no futebol, decorrente da distribuição
desproporcional das receitas oriundas da televisão. A ESPN em seu site acaba de
publicar estudo do impacto dessa distribuição e da disparidade criada e suas
conclusões são preocupantes.
É sabido que os clubes são reféns dessas receitas e por isso não
têm poder nem interesse em lutar contra. Entendemos que politicamente isso pode
ser resolvido. Então propomos que
Vossa Excelência tome providências com
relação a isso, com uma das duas ações abaixo:
1 - Apoio à promulgação imediata do projeto de Lei 7681/14 em
análise na Câmara dos Deputados, que prevê que "50% da receita de TV serão
divididos igualmente entre os clubes participantes do campeonato; 25%
distribuídos conforme a classificação do clube na última temporada do mesmo
campeonato; e 25% de forma proporcional à média do número de jogos transmitidos
no ano anterior."
Alternativamente propor a distribuição justa das receitas,
espelhada em modelos de divisão de receitas de televisão tais como o do futebol
INGLÊS ou até mesmo nas regras de "draft" (designação de novos
jogadores aos clubes) e nos limites financeiros conhecidos como
"caps" dos esportes americanos, como NBA ou NFL, aonde se cria a
oportunidade de fortalecer os mais fracos e ter a disputa equilibrada com
diferentes equipes brigando pelo título;
2 - E/ou que na CPI da CBF se inclua como parte da pauta a
discussão da distribuição de ditas receitas, com a consulta à especialistas isentos,
tanto do Brasil como do exterior, que norteiem a criação de uma regra que
busque o equilíbrio financeiro e consequentemente técnico.
Entendemos que esse tema
é de interesse público e que Vossa Excelência entende os impactos dessas ações.
Dessa maneira confiamos que Vossa Excelência, que sempre teve atuação ilibada
como parlamentar, defenderá os interesses dos outros clubes e não permitirá que
vejamos em poucos anos nosso esporte limitado a duas equipes.
Sugerimos também a discussão do patrocínio público. Se permitido,
que seja feito de maneira isonômica que não aumente ainda mais a disparidade de
receitas entre os clubes. Esse desequilíbrio econômico enfraquecerá os demais
times e o futebol brasileiro.
Agradecemos vosso interesse e apoio à essa causa. Divulgaremos
essa carta na imprensa e redes sociais para que esse assunto seja debatido em
todos os âmbitos de nossa sociedade.
Atenciosamente,
Grupo Esperança Tricolor"
Grupo Esperança Tricolor"
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