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Foto: site oficial da CBF |
A reunião dos ex-treinadores com os integrantes da comissão técnica da Seleção Brasileira, realizada nesta segunda-feira na CBF, teve vários aspectos em comum. O primeiro: a certeza de que houve um adequado entendimento sobre os objetivos deste encontro, que faz parte de um leque mais amplo, que é o Conselho de Desenvolvimento Estratégico do Futebol Brasileiro.
Os treinadores da Seleção Brasileira, à sua época, atenderam de pronto à “convocação” feita pelo coordenador de Seleções, Gilmar Rinaldi. Candinho, Carlos Alberto Silva, Carlos Alberto Parreira, Ernesto Paulo, Falcão, Sebastião Lazzaroni e Zagallo compareceram para dar a contribuição ao encontro em que o objetivo principal era buscar soluções e alternativas para a melhoria do futebol nacional.
Logicamente, a Seleção Brasileira foi o tema dominante. O que resultou, igualmente, em um diagnóstico de consenso: a retomada da identidade do nosso futebol, a começar pelas divisões de base dos clubes, que são os verdadeiros responsáveis por formar os jogadores.
Há a necessidade de se verificar como está se dando o processo de formação dos jogadores, que começa aos 13/14 anos, e corrigir os rumos que possivelmente estejam equivocados. Um garoto nesta idade não pode ser submetido ao mesmo tipo de treinamento dos jovens de 17/18 anos.
A mudança de rota tem que começar nos clubes. O menino tem que, desde cedo, se exercitar nos fundamentos do futebol, sempre sendo incentivado, primeiro, a usar a criatividade, que é a natural e melhor característica do jogador brasileiro. Na sequência dos anos, serão aprimorados os sistemas táticos e a parte competitiva.
O presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, e o secretário-geral, Walter Feldman, participaram de toda a reunião.
Abaixo,
as opiniões e sugestões de participantes do Encontro:
Carlos
Alberto Parreira:
– Falamos
muito sobre a pirâmide do futebol: na base estão os clubes e a infraestrutura;
em seguida, a qualificação e formação dos treinadores; calendário; gestão, que
hoje tem que ser moderna, até chegar ao topo, a Seleção Brasileira. A CBF
parece estar disposta a implementar todas as ideias que tivemos no encontro,
mas essa mudança não acontece do dia para a noite. Será uma quebra de paradigma
no futebol e acontecerá progressivamente. Um aspecto foi de
entendimento comum e dele não podemos fugir: as prioridades da comissão técnica
da Seleção, que são a curto prazo, as Eliminatórias; a médio prazo, a Copa do
Mundo de 2018, e o futebol brasileiro, a longo prazo.
Falcão:
– Esta
integração dos ex-treinadores da Seleção Brasileira foi muito importante neste
momento difícil pelo qual passa o futebol brasileiro. Nós devemos e vamos
colaborar com o que pudermos. A minha opinião é que hoje temos que buscar
jogadores acima da média, não necessariamente craques. Por exemplo, a equipe da
Alemanha que foi campeã mundial no ano passado não tem nenhum craque, mas uns
cinco jogadores acima da média.
Sebastião
Lazzaroni:
– O
encontro foi proveitoso. Procurou-se encontrar subsídios e estabelecer soluções
que começam pela valorização das divisões de base dos clubes na formação dos
jogadores. Temos de preservar a escola brasileira, que sempre foi a nossa maior
qualidade, neste momento em que os resultados não estão condizentes com as
possibilidades da Seleção. O importante é que há um interesse em ouvir
sugestões, por parte da comissão técnica, que não vai se limitar a esta
reunião. Prosseguirá com o convite a outros segmentos que compõem o futebol
brasileiro a também participar. Houve um diagnóstico em comum, que está baseado
no princípio de uma pirâmide. Começa na formação dos jogadores nas divisões dos
clubes, passa pela construção de Centros de Treinamento em que os técnicos
possam se aprimorar e se qualificar na formação dos jovens jogadores, para
chegar à Seleção Brasileira.
Zagallo:
– Dei as
minhas opiniões, de uma maneira geral, e conversei muito com o Dunga. A Seleção
Brasileira tem condições de jogar de igual para igual contra qualquer
adversário no mundo. Temos de fazer isso em todas as competições, mas é
claro que isso leva um tempo, para se armar taticamente um time em condições de
competir e se impor a qualquer adversário.
Ernesto
Paulo:
– Achei o
encontro muito bom. O que pode resumir e servir de ponto em comum nas sugestões
dadas é que o futebol brasileiro precisa retomar a sua verdadeira identidade,
que sempre foi a nossa maior virtude: a criatividade dos nossos
jogadores. Não é possível que os garotos nas bases dos clubes tenham uma
formação idêntica. Um garoto de 13 anos não pode ser submetido ao mesmo tipo de
treinamento daquele que tem 18, 19 anos. Para isso, tem-se de verificar o
que está acontecendo de verdade nas divisões de base dos clubes. Como está
sendo feita essa preparação. A CBF teria também a incumbência de, através de
Centros de Treinamento, qualificar os técnicos, com treinamentos adequados para
a formação dos jovens, lá na base. Todo esse processo deixaria o jogador,
quando chegasse à Seleção, pronto na sua formação, em todos os fundamentos.
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