O grupo seguiu em passeata pela Avenida Rio Branco e, logo no início, um homem foi detido depois de quebrar uma vidraça da Candelária. Um grupo reagiu e a polícia lançou bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. O homem foi liberado em seguida.
O protesto, que começou com 2,5 mil pessoas, chegou a 6 mil, mas antes que os manifestantes conseguissem chegar à Cinelândia, onde haveria um ato político no final do protesto, uma nova confusão encerrou a passeata por volta das 18h, quando jovens mascarados que tinham se misturado à multidão foram expulsos.
A Polícia Militar tentou conter o tumulto, mas as pessoas se dispersaram pelas ruas do Centro. Um pequeno grupo ateou fogo em lixeiras e a Tropa de Choque tentou dispersar a multidão com bombas de efeito moral e jatos d'água.
Os manifestantes passaram pela Glória, pelo Catete, e pelas ruas do Flamengo. A Tropa de Choque chegou até a rua Senador Vergueiro e Marquês de Abrantes onde o lixo dos moradores foi queimado e colocado no meio da rua. As pistas do Aterro do Flamengo também chegaram a ser fechadas pelos manifestantes. Alguns deles atiraram pedras contra carros e ônibus que passavam pelo local.
Cerca de mil manifestantes continuaram o trajeto e seguiram em direção ao Palácio Guanabara, sede do governo do Rio, que fica em Laranjeiras, para protestar contra o governador Sérgio Cabral. Houve confusão e a rua Pinheiro Machado ficou fechada. Os manifestantes dispararam fogos de artifícios e a polícia revidou com bombas de gás lacrimogêneo.
Casa de Saúde atingida Por volta das 22h, alguns manifestantes se refugiaram na Casa de Saúde Pinheiro Machado. Os policiais atiraram e quebraram o vidro do estabelecimento. Médicos da unidade ficaram assustados e havia pacientes sendo atendidos no local. Funcionários limparam os cacos da vidraça que ficaram estilhaçados no chão.
Integrantes da Comissão de Direitos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) tentaram intermediar junto à polícia a saída de manifestantes de dentro da Casa de Saúde. A assessoria da Policia Militar informou que não tinha essas informações por volta das 22h30.
Por volta das 23h20, os manifestantes deixaram as adjacências do Palácio Guanabara e seguiram em direção ao metrô de Botafogo, com tranquilidade.
Cabral: 'Vandalismo não será tolerado ' Em nota, o governador Sérgio Cabral disse que o vandalismo não será tolerado no Rio de Janeiro .
"Grupos que vão para as ruas com o objetivo claro de gerar o pânico e destruir o patrimônio público e privado tentam se aproveitar das recentes manifestações legítimas de milhares de jovens desejosos de participar e aperfeiçoar a democracia conquistada com muita luta pelo povo brasileiro", afirmou.
Detidos Durante a manifestação, três menores foram apreendidos e três pessoas presas. Um dos menores, de 17 anos, foi detido na Avenida Rio Branco, próximo à Câmara dos Vereadores, com um escudo de madeira com a inscrição BB, um capacete de soldado, pacotes de gaze, rolos de esparadrapos e uma máscara de oxigênio feita de garrafa pet.
Segundo depoimento de policiais militares que o encaminharam para a 5ª DP (Mem de Sá), o menor, ao ser apreendido, contou que é enfermeiro do grupo Black Bloc (que denomina-se anarquista nas redes sociais) e que a participação dele nas manifestações seria para socorrer integrantes do grupo possivelmente feridos.
O menor foi indiciado por fato análogo a formação de quadrilha e não quis prestar depoimento, reservando-se ao direito de permanecer calado.
Já Rodrigo Faria Barreto, 20 anos, Armando Herz de Faria, 19 e Francisco Iranildo Nunes Alves, 24, foram presos na Avenida Chile por arremessar pedras nos policiais militares, ônibus e lojas. Eles foram autuados por formação de quadrilha e corrupção de menores. O grupo estava acompanhado de dois adolescentes de 17 anos. De acordo com depoimento dos PMs, o grupo tentou fugir e foi detido dentro do estacionamento da Catedral Metropolitana.
No protesto ocorrido em frente ao Palácio Guanabara, um menor foi apreendido com uma bomba de gás lacrimogêneo no bolso. O fato foi registrado como apreensão de material. Uma mulher foi autuada por desobediência e liberada. Os registros foram realizados na 9ª DP (Catete).
Feridos O produtor cultural, Thiago Earp, foi ferido por uma bala de borracha no braço, no quadril e na perna. O manifestante contou que estava em frente ao Palácio Guanabara quando a polícia disparou jatos d´água, bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha encurralando os manifestantes.
"Explodiu uma bomba no meu pé e eu fui atingido por balas de borracha. Nós fomos destruídos em frente ao palácio", disse.
Segundo a Comissão de Direitos Humanos da OAB, além do rapaz ferido, uma jovem ficou ferida com uma bala de borracha na cabeça.
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