Pular para o conteúdo principal

TRABALHADORES CRUZAM OS BRAÇOS PARA TESTAR DILMA

A paralisação nacional dos trabalhadores marcada para esta quinta-feira (11) deve funcionar como um 'termômetro' para avaliar até que ponto o governo estaria disposto a negociar com os sindicatos.

Com um estilo de gestão diferente do de Lula, seu antecessor, a presidente vem sendo alvo frequente de reclamações de lideranças sindicais por não dar ouvidos às reivindicações da classe.

Os trabalhadores vão cruzar os braços munidos de uma pauta comum. Os temas variam desde a reforma agrária ao fim do fator previdenciário, passando pela redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais.

O ato, convocado pelas centrais sindicais e batizado de "Dia Nacional de Lutas", ocorre na esteira dos protestos que varreram o país no mês passado e levaram à construção de uma 'agenda positiva' por parte do governo, preocupado com a reação vinda das ruas.

Ambiente favorável Embora tenham negado agir por 'oportunismo', lideranças sindicais ouvidas pela BBC Brasil reconheceram que as manifestações criaram um ambiente favorável para a luta por seus pleitos.

Para Vagner Freitas, presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), a maior entidade sindical do Brasil, o protesto, que promete paralisar mais de 50 cidades brasileiras, foi organizado porque o governo "não atende ao pleito da classe trabalhadora".

"O trabalhador brasileiro melhorou de vida, mas da porta de sua casa para dentro. Da porta da casa dele para fora, continua pagando um preço proibitivo para o transporte coletivo, que é precário, e trabalhando longas jornadas. Queremos que o governo sente conosco e negocie", afirma Wagner ao blog O Carioca online.

"De nada adianta ter ganhos salariais acima da inflação, como obtivemos nos últimos anos, se esse dinheiro é sugado pelo aumento do plano de saúde privado que o trabalhador precisa contratar porque não pode contar com a saúde pública", acrescenta.

Ele, entretanto, evitou fazer críticas diretas à presidente Dilma Rousseff. "A manifestação não é partidária. Não queremos derrubar a presidente, apenas queremos que esse governo realize as transformações sociais para as quais foi eleito".

Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), concorda. Segundo ele, o protesto não é 'contra Dilma', mas contra a 'forma como o governo vem administrando as reivindicações da classe'. "O problema é que fazemos reuniões com o governo e nenhuma solução sai desses encontros. Estamos insatisfeitos", diz.

Patah reconhece que os protestos do mês passado deram força ao movimento. "Em uma oportunidade importante, o governo cedeu. Por essa razão, não há melhor momento do que esse para reivindicarmos nossa pauta", diz.

Divergências internas Embora tenham definido uma pauta única, as centrais sindicais divergem quanto à defesa de outros pontos, como o plebiscito e a reforma política, que terminaram não incluídos na agenda comum.

Freitas, da CUT, que é a favor da reforma política, encampada pelo PT e pelo governo, diz que levará a proposta isoladamente à manifestação."A discussão sobre a reforma política é fundamental para garantir eleições mais limpas", afirma.

Ele critica o presidente da Força Sindical e deputado federal Paulo Pereira, mais conhecido como Paulinho da Força, que defende o Congresso conservador. "O Paulinho não tem interesse na reforma política porque teme não conseguir fundar seu partido", diz.

O secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, rebate a acusação. Segundo ele, a central foi contra a apropriação do movimento pelo PT. "Somos contra um partido querer se aproveitar de uma manifestação legítima dos trabalhadores", defende.

Cisão? Na avaliação de cientistas políticos ouvidos pela BBC Brasil, o protesto, por outro lado, não significará um rompimento dos sindicatos com o governo que, segundo eles, fez concessões amplas aos trabalhadores na última década.

Nesse período, de acordo com dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o poder de barganha de entidades sindicais aumentou consideravelmente. Somente a proporção de acordos salariais acima da inflação quintuplicou de 2003 - ano em que o ex-presidente Lula foi eleito até 2012.

O cientista política Milton Lahuerta, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), considera remota a possibilidade de ruptura dos sindicatos com o governo pelo que chamou de 'sindicalismo de resultados'.

"Atualmente, os sindicatos usam ao máximo sua capacidade de barganha e atuam no limite da chantagem para viabilizar seus interesses. Não há nenhuma perspectiva ideológica ou política para a construção de uma agenda propositiva", diz. "Além disso, os sindicatos só abandonariam a base aliada em dois casos: ou se fossem acolhidos pela oposição, o que é improvável, ou se a situação econômica do país se degradasse a tal ponto que as lideranças tivessem de se opor ao governo para manter sua legitimidade".

Já o cientista político Ricardo Caldas, da Universidade de Brasília (UnB), acredita que a manifestação foi motivada pelo 'oportunismo' da CUT, uma das principais lideranças sindicais por trás do movimento.

"A CUT é visivelmente controlada pelo PT, que perdeu credibilidade junto à sociedade. O protesto nada mais é do que uma reafirmação de importância do sindicato, que teme pela sua própria sobrevivência".

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Coluna Torcedores Ilustres - O Colecionador Rafael Martins e suacoleção de camisas do Cruzeiro

Até onde vai a paixão de um fanático torcedor? O que um  ilustre  torcedor faz para mostra r  para todos a sua paixão p or colecionar camisas ? Tivemos o prazer de entrevistar  Rafael Martins   –   O Colecionador de  Camisas Além de  ser  um ilustre colecionador de   camisas ,  Rafael Martins  também tem a sua paixão por futebol . Rafael Martins  conta ao blog Carioca  ONLINE , tudo sobre a sua coleção  de  camisas , como começou,  a s su a s  preferid a s  camisas  (se é que el a s existem)  e fala sobre a sua paixão pelo  futebol . CARIOCA ONLINE – Como e quando você percebeu que poderia ser um colecionador de camisas? COLECIONADOR – O gosto pelo colecionismo já vem desde a infância, quando já colecionava álbuns, figurinhas, jornais, chaveiros, revistas e outros itens; mas sempre visando o cruzeiro. Meu pai nunca foi ligado a futebol e ainda te...

Vasco da Gama - Média de idade das equipes virou "moda" no futebol nacional

Discutir a média de idade das equipes do futebol brasileiro virou moda nos últimos meses, em especial quando o assunto em debate é o elenco do Vasco da Gama. Tem sido comum ver durante as resenhas esportivas o time cruzmaltino ser taxado de "velho" por diversos analistas de plantão. Por isso, resolvemos acrescentar mais algumas informações para enriquecer os debates sobre o tema. Na semana passada, o Cruzmaltino iniciou a partida contra o Bangu com seis jogadores revelados em São Januário (esse número subiu para sete durante boa parte do segundo tempo). A média de idade do time na ocasião foi de 25,72. Considerando o último jogo dos 20 clubes que disputarão a Série A do Brasileiro em 2017, o Gigante da Colina possui a segunda menor média de idade ao lado do Santos. Apenas o Fluminense, com 24,90, possui um time titular mais jovem que o Almirante e o Peixe.  Com a análise partindo da equipe que começou o duelo com o Resende, no último domingo (05/02), a média de idade do Vasco...

Conheça os maiores artilheiros da história de Fla x Botafogo no clássico da Rivalidade

O clássico Fla x Botafogo ou o clássico da “Rivalidade” acontece desde 1913. Mimi Sodré foi o primeiro jogador a marcar gol nesse confronto. Inclusive foi esse jogo que marcou a inauguração do Estádio General Severiano. A partida era válida pelo Campeonato Carioca e o América sagrou-se campeão. O maior artilheiro do Botafogo contra o Flamengo Considerado um dos principais jogadores da história do Botafogo, Heleno de Freitas marcou 22 gols no chamado “Clássico da Rivalidade”. Heleno de Freitas brilhou nas décadas de 40 e 50 fez 204 gols em 233 jogos pelo Botafogo. Atuou também por Santos, Vasco, América, Boca Juniors e Junior de Barranquilla-COL. O ex-atacante boêmio era conhecido como “Príncipe Maldito”. O maior artilheiro do Flamengo contra o Botafogo O maior artilheiro desse confronto é Zico e, também o principal nome da história do Flamengo. O Galinho jogou também na Udinese e no Kashima Antlers, do Japão.